segunda-feira, 29 de agosto de 2016

PROBLEMAS COMUNS EM ÁREAS RURAIS: ARANEÍSMO (1)

Destacam-se do Brasil três gêneros de maior relevância clínica: Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus. Os acidentes por Loxosceles (aranha marrom) são os mais frequentes, seguido por Phoneutria e Latrodectus. Os acidentes causados por Lycosa (aranha de Jardim ou “tarântula”) apesar de relativamente frequentes não constituem problema de saúde pública. Os acidentes causados pela Aranha Caranguejeira são destituídos de importância médica, sendo conhecida a irritação ocasionada na pele e mucosas causados por contato com pelos urticantes.
LOXOSCELES


 Loxosceles

Encontrado em todo o país, principalmente na região sul.  São aranhas pequena, não agressivas, de hábitos noturnos e que picam somente quando comprimidas contra o corpo. O acidente atinge mais comumente adultos, com discreto predomínio em mulheres, ocorrendo no intradomicílio.

Quadro clínico
Forma cutânea (99%)
Sintomatologia local se instala de forma lenta e progressiva com dor, edema, endurado e eritema, acentuando-se nas primeiras 24-72 horas do evento.
Pode acompanhar o quadro local alterações do estado geral, como astenia, cefaleia, mialgia, rash, febre nas primeiras 24 horas, diarreia, visão turva, até obnubilação e coma. As lesões podem variar desde:
Lesão incaracterística:  bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação.
Lesão sugestiva: enduração, bolha, equimoses e dor em queimação.
Lesão característica: dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia (placa marmórea) e necrose.
                                         
                                                               Lesão do Loxosceles: Placa Marmórea

Forma cutâneo-visceral ou hemolítica (1%)
Hemólise intravascular, cursando com anemia, icterícia e hemoglobinúria, podendo evoluir para CIVD.

O acidente loxocélico pode ser classificado em:
Leve: observa-se lesão incaracterística sem alterações clínicas ou laboratoriais e com a identificação da aranha causadora do acidente.
Moderado: o critério fundamental baseia-se na presença de lesão sugestiva ou característica, mesmo sem a identificação do agente causal, podendo ou não haver alterações sistêmicas do tipo rash cutâneo, cefaleia e mal-estar.
Grave: caracteriza-se pela presença de lesão característica e alterações clínico-laboratoriais de hemólise intravascular.




Tratamento
Para as manifestações locais: Analgésicos, aplicação de compressas frias, antisséptico local e limpeza periódica da ferida são fundamentais para que haja uma rápida cicatrização, antibiótico sistêmico se necessário (visando à cobertura para patógenos de pele).

Tratamento cirúrgico pode ser necessário no manejo das úlceras e correção de cicatrizes

A eficácia da soroterapia (SALox – Soro Antiloxoscélico) diminui após 24-36 horas do acidente, logo deve ser administrado o mais rápido possível para os casos moderados (5 ampolas) e graves (10ampolas). O soro antiaracnídeo (SAA) é uma opção.
A prednisona pode ser usada na dose de 40-60mg/d para adultos ou 1 mg/kg/dia para crianças, durante 5 a 10 dias, nas formas moderadas e graves.
Avaliar história de vacinação prévia contra o Tétano

AUTORES:
Ddo Elias Soldatelli Oliboni
Ddo Henrique Pavan

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), 2001. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Brasília: FUNASA, Ministério da Saúde.

ISBISTER, G. K.; FAN, H. W. Spider bite. Lancet, v. 378, p. 2039-2047, 2011.


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